Olivia Fiore, de 24 anos, é filha do renomado general do exército italiano, Riccardo Fiore. Com uma personalidade forte e determinada, ela nunca leva desaforo para casa. Desde a perda precoce da mãe, Olivia aprendeu a se proteger do mundo. Abalada pelo fim de um relacionamento, ela não esperava que sua vida tomaria um novo rumo ao conhecer o soldado Salvatore — um homem enigmático que, de forma inesperada, balança seu coração.
Leer másOlivia estava no avião, olhando pela janela enquanto o voo se aproximava da Itália. O coração batia forte, uma mistura de excitação e ansiedade. Havia algo sobre aquele momento que a fazia sentir como se estivesse retornando a um lugar que sempre foi seu, mas ao mesmo tempo, um lugar que ela havia perdido há tanto tempo. As lembranças da infância, os aromas das ruas de Roma, as tardes quentes na Toscana, tudo aquilo a invadia com uma intensidade que a fazia quase querer fechar os olhos para não ser dominada pela emoção.
"Eu nunca soube o quanto sentia falta disso até agora", ela pensava, apertando os dedos contra o vidro da janela. "A Itália tem uma forma de envolver a gente, como se tudo ao redor sussurrasse sua história, e você se perde entre os ecos do passado e os sonhos do futuro." Olivia fechou os olhos por um momento, imaginando as ruas que tanto conhecia, as pedras antigas sob seus pés, o som das pessoas conversando nos cafés e a maneira como o sol se punha lentamente atrás das montanhas, tingindo o céu de laranja e dourado. Como ela sentia falta disso tudo, das coisas simples e, ao mesmo tempo, profundas. Sentia falta das manhãs frescas e do cheiro do café misturado com o pão recém-assado nas padarias. Sentia falta de sua mãe, das longas conversas no terraço de casa, onde o mundo parecia se reduzir a pequenos gestos de carinho. "Eu vivi tanto tempo longe de tudo isso... e, de repente, me dou conta de que não há nada como a Itália para me lembrar de quem eu sou. É aqui que eu me sinto... em casa. Mesmo com todas as mudanças, com as coisas que aconteceram, este lugar ainda é onde o meu coração se encontra em paz." A saudade que ela sentia não era apenas de lugares, mas de uma versão mais jovem de si mesma, quando a vida ainda parecia simples, sem as complicações que as escolhas e os erros de Moscou trouxeram. Ela sentia falta da Olivia que caminhava despreocupada pelas ruas de Florença, que se encantava com cada detalhe, com cada pedaço de história que a cercava. Sentia falta da sensação de pertencimento, do calor da família, da segurança de saber que estava exatamente onde deveria estar. "Eu sei que nada será como antes, mas, de alguma forma, eu espero que, ao voltar, eu possa me encontrar novamente", pensava enquanto o avião se aproximava da costa italiana. "Talvez eu não tenha mais as mesmas certezas que tinha antes, mas preciso acreditar que, ao menos, vou encontrar uma parte de mim que ficou aqui. Em algum lugar entre essas ruas, essas colinas, essas pessoas, eu ainda posso ser eu mesma." O voo finalmente tocou o solo italiano, e Olivia sentiu o peso da saudade se transformar em algo mais leve, mais acolhedor. Ela sabia que sua jornada estava apenas começando, mas aquele retorno à Itália significava mais do que um simples regresso físico. Era um caminho de reencontro consigo mesma, uma chance de redescobrir suas raízes, suas paixões e, talvez, até mesmo de curar as feridas que Moscou havia deixado. A traição de Ethan foi o golpe final que destruiu o que restava de esperança no relacionamento de Olivia. Quando ela descobriu, o mundo dela desabou. Era uma noite comum em Moscou, e Olivia estava tentando encontrar algum tipo de normalidade após tantos conflitos internos. Ela havia começado a se sentir mais distante de Ethan, como se ele estivesse se afastando emocionalmente, mas nada a preparou para a revelação de que ele a havia traído. Foi por meio de uma mensagem que ela acidentalmente encontrou no celular dele, enquanto tentava resolver uma questão simples de trabalho. O conteúdo da conversa era claro e devastador. Ethan havia se envolvido com uma colega de trabalho, alguém com quem ele viajava frequentemente para projetos. A traição foi feita com uma frieza que Olivia não conseguiu ignorar, e ao ler aquelas palavras, seu coração se partiu de uma maneira irreparável. As discussões que seguiram foram intensas. Olivia não conseguia compreender como Ethan, alguém com quem ela havia compartilhado tantos momentos, poderia ter agido assim. Ele tentou justificar, argumentando que a distância emocional deles havia sido um fator, que ele sentia falta de algo que ela não podia oferecer naquele momento. Mas para Olivia, isso nunca foi uma desculpa. A dor de perceber que ela havia sido enganada e usada como um refúgio quando ele precisava de algo mais foi um golpe pesado demais para lidar. O que mais a machucava, no entanto, não era só a traição em si, mas a sensação de ter sido ignorada nas suas próprias necessidades emocionais. Ela sempre soubera que o relacionamento estava distante de ser perfeito, mas acreditava que, ao menos, havia confiança. Quando essa confiança se desfez, Olivia se viu perdida. Embora fosse uma mulher forte, que não leva desaforo para casa, a traição a deixou muito abalada. O pior de tudo era a sensação de que algo dentro de si havia quebrado para sempre. Ela não sabia mais em quem confiar. Com a dor da traição e o peso de uma relação que já estava desgastada, Olivia tomou a difícil decisão de terminar com Ethan. Ela sabia que a separação seria dolorosa, mas o que ela sentia dentro de si a impulsionava a buscar uma nova direção. Não podia mais viver à sombra do erro de alguém. Precisava de um recomeço, longe daquela dor, longe de Moscou, longe de tudo o que lhe lembrava o passado. Foi então que a ideia de voltar para a Itália começou a ganhar forma em sua mente. A Itália, com sua beleza reconfortante e suas memórias de infância, parecia ser o único lugar onde ela poderia encontrar um pouco de paz. Mesmo que não soubesse exatamente o que esperava ao voltar, Olivia sabia que ali, ao menos, ela teria a chance de se reconectar consigo mesma. A viagem de volta para casa não foi fácil. Cada quilômetro percorrido a distanciava ainda mais de Ethan e da Rússia, mas a ferida que ele havia deixado em seu coração ainda pulsava. Ela sabia que o tempo seria o único aliado capaz de curar essas cicatrizes. Chegar à Itália não significou um fim imediato da dor, mas foi o início de um longo processo de autodescoberta. Olivia começou a se dedicar ao que mais amava: os pequenos prazeres da vida, a sua família, e a redescoberta das suas próprias paixões. Cada passo que dava a afastava mais de sua história com Ethan, e lentamente, ela foi aprendendo a reconstruir sua confiança e a se reconectar com seu verdadeiro eu. Embora a traição de Ethan tenha deixado marcas profundas, foi o ponto de virada que Olivia precisava para se reinventar e buscar, finalmente, a felicidade que merecia.A sala de espera do consultório era branca demais, silenciosa demais. Olivia sentia o ar frio da climatização deslizar por seus braços, e mesmo assim, um calor ansioso se espalhava por dentro. Sentada em uma das cadeiras acolchoadas, segurava a bolsa com força no colo, os dedos entrelaçados como se tentassem conter o coração acelerado. Era sua primeira consulta obstétrica. E ela estava sozinha. Salvatore havia saído na madrugada anterior rumo à base. Como capitão e soldado de elite, ele estava encarregado de treinar os novos recrutas. Um novo ciclo de instrução exigia toda sua atenção. Eles não haviam discutido — nem mesmo hesitado — sobre sua partida. Ambos sabiam que fazia parte. Mas isso não tornava a ausência menos incômoda. Naquela manhã, ele a acordara com um beijo leve na testa, a mão repousando sobre sua barriga ainda discreta. — Se puder, me liga quando sair da consulta — ele dissera, com os olhos mais cansados do que o habitual. — Quero saber tudo. Cada detalhe. Até
Entre tonturas, promessas e mãos entrelaçadas A madrugada se arrastava silenciosa pelo apartamento, densa como um suspiro preso na garganta. O som suave do ventilador girando no teto era a única música naquela penumbra calma, enquanto a cidade lá fora dormia indiferente. A luz fraca da rua invadia o quarto pelas frestas da cortina, desenhando sombras pálidas sobre as paredes. Salvatore dormia de lado, com o rosto sereno e os traços finalmente relaxados, como se os fantasmas que sempre o rondavam tivessem, por ora, recuado. A respiração dele era lenta e profunda, o peito subindo e descendo num ritmo quase hipnótico. Pela primeira vez em dias, ele parecia em paz. Mas Olivia não conseguia dormir. Sentada na beira da cama, com os pés descalços encostando no carpete macio, ela mantinha uma das mãos sobre o ventre ainda liso, como se aquilo pudesse aplacar o estranho tumulto que sentia por dentro. Não havia sinais visíveis ali — ainda não—, mas seu corpo já parecia diferente. Desajustad
Olivia despertou com os primeiros raios de sol filtrando-se pelas frestas da janela. Por fora, seu corpo parecia calmo — mas por dentro, era um turbilhão. O coração batia acelerado, não de susto, mas de certeza. Aquela manhã não era como as outras. Era o dia. O dia em que sua vida mudaria para sempre. A decisão que lhe pesava a noite inteira agora parecia mais leve — mas também mais urgente. Já não podia adiar. Precisava contar a Salvatore. Levantou-se devagar, os movimentos contidos, como se o silêncio do quarto pudesse protegê-la por mais alguns segundos da tempestade que se avizinhava. Parou diante do espelho e se encarou. Os olhos estavam ligeiramente inchados, a pele pálida, os lábios entreabertos numa hesitação muda. — Hoje... — murmurou, com a voz trêmula. — Hoje você vai saber. A cozinha cheirava a café fresco, como sempre. A chaleira ainda chiava suavemente. Salvatore estava lá, mangas da camisa preta dobradas até os cotovelos, o corpo levemente inclinado. A luz da ma
Salvatore chegou em casa no início da noite, cansado, mas com o coração leve — era estranho como estar ao lado de Olivia parecia acalmar tudo dentro dele. Encontrá-la havia mudado o rumo de sua vida, ainda que ele demorasse a admitir isso até para si mesmo. Ele fechou a porta atrás de si e colocou as chaves sobre o móvel da entrada. Seus olhos buscaram imediatamente por Olivia, e ele a encontrou sentada no sofá, com uma xícara de chá entre as mãos e uma expressão serena, embora distante. — Como foi no hospital? — perguntou direto, sentando-se ao lado dela. — Vi o bilhete. Olivia sorriu de leve, mas o olhar dela baixou para a xícara. — O exame deu tudo bem — disse, tentando manter a voz firme. — O médico falou que provavelmente foi alguma coisa que eu comi que não fez bem para o meu estômago. Nada sério, só um desconforto passageiro. Salvatore assentiu devagar, ainda observando-a com cuidado. — Você ficou assustada? Ela hesitou um segundo antes de responder. — Um pouco.
O sol mal havia despontado quando Olivia despertou. O quarto ainda estava envolto em sombras azuladas, e Salvatore dormia profundamente ao seu lado, a respiração calma e o braço repousado sobre a cintura dela. Por um momento, ela ficou ali, observando-o em silêncio. Ela sabia que ele se preocuparia. Sabia que insistiria em acompanhá-la. Mas também sabia que havia coisas que precisava fazer sozinha. Deslizou com cuidado para fora da cama, pegou uma muda de roupa leve no armário e caminhou em silêncio até o banheiro. Tomou um banho rápido, amarrou os cabelos em um coque solto e se olhou no espelho. Seus olhos estavam levemente inchados — talvez pelo enjoo, talvez pela ansiedade. Ao sair, passou pela sala e pegou sua bolsa com os documentos. Deixou um bilhete simples na mesa da cozinha, com uma letra apressada: "Fui ao hospital fazer alguns exames. Volto antes do almoço. Não se preocupe." Ela fechou a porta devagar, com o coração acelerado. No táxi até o hospital, o mundo p
O resto da manhã se arrastou de forma preguiçosa, como se o tempo decidisse desacelerar só para eles. Depois de se sentir melhor, Olivia insistiu em sair da cama. Ainda vestindo apenas a camisa de Salvatore, ela andou até a cozinha enquanto ele a seguia, os olhos atentos a cada movimento seu. — Você tá bem mesmo? — ele perguntou pela terceira vez, parando na soleira da porta, com os braços cruzados. — Tô — ela respondeu, abrindo a geladeira. — Só vou evitar queijo por um tempo. Ele sorriu, mas não completamente convencido. Ficou observando enquanto ela pegava algumas frutas, preparava um suco simples e colocava duas fatias de pão na torradeira. — E se for alguma virose? — ele perguntou, se aproximando. — Então já te contaminei — ela rebateu, divertida, olhando por cima do ombro. Salvatore riu, passando os braços pela cintura dela por trás, colando o corpo ao dela. — Pelo menos morremos juntos. — Dramático — Olivia respondeu, rindo, inclinando a cabeça para trás até enco
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