O silêncio entre eles era espesso, como se o ar estivesse esperando algo.
Cael ainda estava ajoelhado, os olhos marejados, a respiração trêmula. A marca no ombro de Isadora pulsava em sincronia com a dele, como se os dois compartilhassem agora o mesmo feitiço. Ele estendeu a mão, mas hesitou a centímetros da pele dela.
— Você… viu? — sussurrou ela, sem conseguir conter a rouquidão na própria voz.
Ele assentiu, engolindo seco.
— Eu senti você ser puxada. Vi o santuário. Selene. E… o sangue. O meu sangue. — Ele baixou os olhos. — Isso está se repetindo, não está?
Isadora queria dizer não. Queria fingir que tudo era só mais um pesadelo. Mas a dor latejando em sua marca, e a rachadura no espelho — como se o mundo tivesse respondido ao chamado — gritavam que era real.
Ela se levantou com esforço. As pernas vacilavam como se o chão ainda fosse feito de névoa. Caminhou até o espelho agora partido ao meio. A rachadura atravessava o vidro como um raio, dividindo o reflexo dela em duas versões: