O céu não amanheceu.
Ainda era madrugada quando Cael e Isadora deixaram a casa, mas o tempo parecia ter se curvado ao redor deles. O ar estava espesso, denso demais para uma simples madrugada. A cidade permanecia suspensa em um silêncio anormal, como se o mundo soubesse que algo antigo havia despertado. Nenhum carro passava, nenhum pássaro cantava, e nem mesmo o vento ousava soprar.
— Estamos sendo observados — murmurou Cael, a voz baixa e firme enquanto cruzavam a ponte de madeira enferrujada que levava ao campo abandonado.
Isadora manteve o olhar fixo à frente. A pena negra, escondida sob seu casaco, pulsava contra o peito como um segundo coração. Um que não era seu. Cada passo sobre a ponte fazia a madeira gemer, e o som parecia ecoar por mais tempo do que deveria. Como se o lugar se lembrasse deles.
Do outro lado, a névoa se abria para revelar um vale envolto em tons de lilás e cinza. E ali, no centro, erguia-se a torre.
Antiga. Esquecida. Viva.
A estrutura de pedra era abraçada p