Capítulo 2

Me sento e olho para os dois, com certa curiosidade. De fato, eles são ainda mais lindos do que eu havia descrito em meus livros. Em pensar que fui eu que os criei, me deixa até orgulhosa. 

Thomas é a representação da noite. Ele é alto, forte, ombros largos, seus cabelos são negros, olhos azuis como o mar, nariz reto e maxilar marcado perfeitamente. Um Deus Grego.

Antes de assumir o título de Duque de Ravenshire, ele passou anos lutando junto ao exército de Sua Majestade, o que o ajudou a ter um corpo que é de dar água na boca. O criei para saber ler as intenções das pessoas como se tivesse lendo um mapa de guerra. Tristemente ele teve que voltar para suas terras, mas não como um herói e sim como o herdeiro responsável, já que seu irmão mais velho acabou morrendo de uma doença sem cura. Me sinto mal pela história que inventei para ele. Noto em seu olhar a frieza e a solidão que eu mesma queria que existisse. Pobre Thomas! Perdeu a mãe, o irmão… e logo perderá o pai também. 

Seus olhos me encaram, então desvio o olhar a James.

James também não deixa a desejar. Ele é a representação do sol. Cabelos dourados, olhos verdes como uma floresta, pele bronzeada, igualmente alto, forte, braços com algumas veias saltadas que me faz suspirar só de imaginar coisas.

Mas ao contrário do seu amigo, escrevi sua história com mais leveza. Herdeiro de um título antigo, Conde de Everhill e filho de um dos homens mais ricos do reino. Apesar do pai ter sido bem severo, ele cresceu em meio a bailes e músicas. Sabe ser engraçado e encanta as pessoas com facilidade. É mais aberto as relações sociais que Thomas e, por causa disso, vez ou outra surgiam escândalos sobre ele, flertando com várias mulheres solteiras e até mesmo casadas. Obvio que sua mãe, a condessa viúva de Everhill, abafava todos esses casos com sua influência. 

Mas se eu morri e Deus me deu essa nova oportunidade, eu não posso gastar ela só por causa de dois rostos bonitos e seus corpos sexy, gostosos e atraentes, que me fazem desejar com todas as forças os terem em minha cama.

- Vou direto ao ponto, cavalheiros… Sei que os senhores são pessoas bastante ocupadas. Minha filha, a Lady Beatrice, gostaria que um de vocês fossem o par dela no Baile de Apresentação. - o Senhor Montrose diz a eles.

O Baile de Apresentação é um evento importante para as famílias da elite, pois é quando eles mostram para a alta sociedade suas filhas. É basicamente um lugar onde eles almejam encontrar um bom casamento para elas. É um mercado matrimonial, já que um bom casamento significa segurança, alianças politicas e aumento de status. Então, se o baile ainda não aconteceu, significa que estamos no começo da minha história, mas por que estamos tendo essa conversa com eles? Não me lembro de escrever esse dialogo. Só pode ser algo que aconteceu do qual eu não tenho em conta, já que minha história é do ponto de vista da protagonista, Lady Arabelle. De certa forma, isso me deixa instigada, saber que existe uma parte da minha história que se formou sozinha.

Sinto o olhar de ambos em mim, eles ainda não falaram nada. Se eu não estou enganada, nenhum deles acompanhou a lady Beatrice nesse evento, já que ambos foram com a Arabelle. Então, já sabendo suas respostas, resolvo facilitar para eles e assim poder voltar logo ao meu quarto e pensar em uma maneira eficiente de fugir.

- Hmm.. Pai.. Eu mudei de ideia! Não quero ser acompanhada por nenhum deles mais. - os olhos do meu pai se arregalam e ele começa a ficar vermelho, ele está com raiva?

- Beatrice! Onde está o respeito? - diz ele me olhando intensamente e apontando sutilmente para as visitas. 

Olho para ele sem entender e depois olho para os gostosões na minha frente que seguem com indiferença. Thomas nos encara, com sua cara de poker face e James observa as comidas sobre a mesa.

- Hmm.. Mas é claro que vocês podem ficar para comerem, se quiserem… Que tipo de pessoa eu seria se mandassem vocês irem embora antes de provarem a comida só porque eu não quero mais vocês? - seus olhos se dirigem a mim, atônitos, com total choque e escuto um golpe forte na mesa.

- Beatrice, perdeste o juízo? - o Senhor Montrose agora está vermelho como um pimentão. 

Logo me dou conta do meu erro. Meu Deus! Os honoríficos. Para a época regencial inglesa, que é a época da minha história, é de suma importância os honoríficos. Eles mostram a hierarquia social e utilizá-los é mais do que apenas uma etiqueta, é demonstração de respeito, educação e reconhecimento de status alheio. Me curvo sutilmente, ainda sentada, para eles.

- Me desculpe, Duque Thomas e Conde James, pela falta de respeito da minha parte ao falar com vocês… nobres cavalheiros. - eu sou horrível nisso, como diabos escrevi um romance regencial? - Eu não estou muito bem... - faço uma cara de vítima - Hoje de manhã, quando estava passeando, eu bati a minha cabeça ao cair do cavalo e… 

- Andaste a cavalo? Sozinha? - interrompe meu pai aos gritos. Olho para ele que parece que vai ter um infarto a qualquer momento - Uma lady não deve andar a cavalo desacompanhada e sabes disse Beatrice... O que deu em você para estar a agir assim?

Mais que merda! Eu esqueci desses pequenos pontos machistas. O esperado para uma boa dama, é ela só andar a cavalo com algum homem a acompanhando e ela ainda precisa sentar de ladinho cruzando as pernas. Toda uma socialite.

- Ah.. Pois é… Senhor pai… acho que foi por isso que eu caí… - respondo com a voz falhando.

O senhor Montrose me olha confundido.

- Minha filha, não me havias dito que ia ficar o dia inteiro no seu quarto costurando? - ele me observa desconfiado, mas pelo menos não grita mais.

- Eu ia… Senhor pai... mas aí a luz do sol batia forte na janela do meu quarto e eu fiquei com calor e então… - fui interrompida pela voz do Conde James.

- Mas hoje choveu o dia inteiro. - escuto ele me dizer. 

Olho para ele surpresa, ele parece se divertir com a cena. Fico sem saber o que falar. O que devemos fazer nesses casos? O que qualquer dama desesperada faria, fingir desmaio. Levo minha mão a testa e me deixo tombar como uma flor mucha em cima da mesa.

- Beatrice?? - ouço meu pai gritar - Chamem um médico… Agora!

Escuto passos vindo em minha direção. Meu pai continua gritando meu nome e gritando com meio mundo. Mas logo uns braços fortes me segura, continuo fingindo estar mole e permaneço de olhos fechados. O cheiro da pessoa é incrivelmente sedutor. Fico atiçada só de sentir o seu perfume.

- Para onde eu devo levá-la, Senhor Montrose? - a pessoa fala, provavelmente o Duque Thomas. 

Entao é o Thomas quem está me segurando? Espio ele, abrindo meus olhos só um pouquinho, mas assim que ele se vira para mim, os fecho rapidamente. Rezando para ele não ter percebido nada.

- Empregada! Acompanhe Sua Graça até o quarto de Beatrice! - diz meu pai.

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