A noite avançava silenciosa, como se o próprio tempo houvesse diminuído o passo para não interromper o compasso delicado daquela cena. O restaurante já esvaziava lentamente, deixando para trás o murmúrio discreto dos poucos clientes que ainda saboreavam as últimas taças de vinho, embalados pela música suave que escapava das caixas de som escondidas entre as plantas suspensas.
Na varanda de madeira, ladeada por lamparinas, Bruna e Jae-Hyun permaneciam à mesa, como se a noite fosse feita apenas para eles. O prato de frutas agora repousava vazio, abandonado sobre a toalha de linho, mas o vinho — um tinto leve, brasileiro — ainda tingia de vermelho os cristais das taças.
Bruna apoiou o cotovelo na mesa, girando a taça entre os dedos, com aquele gesto distraído de quem já não pensa no vinho, mas na companhia. O olhar de Jae-Hyun seguia atento cada movimento dela: a forma como a ponta dos dedos percorria o vidro, como os lábios se apertavam de leve quando ela reflet