O cheiro era o primeiro aviso.
Não de podridão, mas de antiguidade.
Terra molhada, raízes vivas e sangue seco. Umidade espessa que grudava na pele como um toque insistente.
Rurik odiava cavernas. Lugares fechados. Escuros. Onde o ar não corria e a fera dentro dele ficava inquieta.
Selena andava à frente, os dedos tocando símbolos esculpidos nas paredes — marcas de outros tempos, outras guerras.
— Já esteve aqui? — ele perguntou.
— Sonhei com esse lugar tantas vezes que sinto como se tivesse nascido aqui.
A escadaria espiral terminou em um salão natural.
O teto era tão alto que se perdia na escuridão, e do centro pendia um coração de pedra pulsando — lentamente, como se o tempo ali fosse outro.
A Oráculo os esperava sentada sobre um trono de raízes.
Ou, melhor dizendo... a coisa que um dia fora mulher.
Não tinha olhos. Apenas buracos queimados onde deveriam estar. O cabelo era uma massa prateada, viva, serpenteando no ar como se tivesse vontade própria.
E a boca...
Costurada com linhas