O céu amanhecia cinzento.
Cinzas do templo ainda flutuavam no ar quando Rurik atravessou a floresta com Selena nos braços.
A mata os reconhecia como intrusos agora — ou como algo novo e profano.
A magia do ritual deixara um rastro invisível.
Cada passo dele era seguido por sussurros entre as árvores.
Cada respiração dela fazia a marca vibrar.
Mas ela não reclamava.
Não lutava.
Estava mole, vencida por dentro.
E mesmo assim, tão perigosamente viva que ele mal conseguia pensar em outra coisa além do gosto dela na boca.
Rurik não a largou quando chegou à clareira.
Deitou-a num leito improvisado de folhas e musgo, afastou o cabelo do rosto dela e esperou.
Ela abriu os olhos devagar.
— Ainda me carrega como se eu fosse algo precioso...
— Você é. E está suja por dentro — ele respondeu.
— Estamos, não é?
Rurik não negou.
Ambos sentiam.
A presença, a tensão, o vínculo envenenado.
A entidade não os possuía — não ainda.
Mas se alimentava de tudo entre eles: a raiva, o tesão, o impulso de destru