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O primeiro grito não veio do céu, nem da floresta.
Veio de dentro deles.
Rurik sentiu como se a espinha fosse rasgada ao meio — um calor cortante que subia do ventre até os olhos. Seu corpo se arqueou, os dedos cravando a terra encharcada. Ao lado, Selena caiu de joelhos, as veias das pernas se acendendo em vermelho incandescente, como raízes vivas atravessando a pele.
— Ele está vindo — ela sussurrou, cuspindo sangue. — E não vem sozinho.
As árvores começaram a chiar.
Folhas negras se desprendiam em espiral, girando como lâminas invisíveis. O vento sussurrava em um idioma antigo demais para ser traduzido — mas o nome que soprava era claro como fogo:
Selena.
Selena.
Selena.
Ela ergueu o rosto. O rastro carmesim escorria pelo canto da boca, mas os olhos brilhavam com a mesma força das runas recém-ativadas.
— É o Rastreador da Matriarca.
— Ele nos achou rápido demais — Rurik rosnou, os músculos já se expandindo, o lobo à flor da pele.
— Não é só ele. Ela quer provar que você quebrou