A caverna amanheceu fria.
O fogo havia apagado. E o mundo voltava a pressionar as costelas.
Selena acordou com a garganta seca, os músculos rígidos da fuga e da tensão da noite anterior. Rurik dormia a alguns passos, o corpo encostado na pedra, mas ainda em alerta — mesmo no sono, a mandíbula cerrada, as garras meio expostas.
Ela o observou. O peito subia e descia devagar, o suor formando um brilho úmido na pele do pescoço.
Ele parecia menos fera, mais homem.
E isso era um problema.
Ela se levantou em silêncio, mas o estalar leve do tornozelo ferido chamou a atenção dele.
Rurik abriu os olhos num movimento seco, como se nunca tivesse dormido de verdade.
— Está sangrando — ele disse, erguendo-se num salto.
— É só um corte.
— Não aqui.
Ele se aproximou.
— No ombro. A mordida.
Selena franziu a testa.
— Não é sua?
— É.
Mas quando um lobo morde alguém com vínculo aberto… se não for cuidado, a marca se espalha.
— E te muda.
— Muda como?
Ele não respondeu de imediato. Em vez disso, ajoelhou-