Por mais que eu soubesse o que Dante queria, ouvir isso sair da boca de Enzo ainda era estranho. Eu SABIA que aquilo era doloroso para ele.
— Ficou sete e meio pra cada, Enzo. Vou pagar com metade do meu salário todo mês. — Falei, tentando parecer mais firme do que eu realmente estava.
Mas Enzo negou com a cabeça, quase rindo daquele meu senso de responsabilidade que ele nunca teve.
— Não precisa disso, Isadora. Eu sou sobrinho dele. Tenho direito em tudo que ele tem.
A sua resposta me parecia tudo, menos uma saída. Parecia, na verdade, só mais uma fuga, como sempre.
— O seu tio não está morto, Enzo. E parece muito longe de morrer. — Respondi, me afastando para guardar a bolsa, mas ele me segurou pelo braço, firme, e me puxou de volta para perto dele.
— Estou com saudade de você. — Ele disse quase num sussurro rouco, embriagado. Eu senti seu hálito quente na minha pele.
Tentei me afastar, mas ele não deixou.
— Aposto que você também sente saudade, não é? — Ele insistiu, a voz baixa, o