Dante Tavares
Os negócios me afastaram do restaurante por alguns dias. Não era tarefa fácil equilibrar viagens, contratos e reuniões sem fim, mas Eliseu me mantinha informado de tudo. Cada detalhe. Cada gesto do meu sobrinho naquele salão.
Quando ele me disse que Enzo andava frequentando o restaurante, dei liberdade para que observasse. Logo soube que ele e Isadora haviam reatado o compromisso. Eu mandei aquele infeliz se afastar dela… mas, teimoso como sempre, reatou. Não me surpreende. Enzo sempre confundiu desejo com direito, sempre achou que amor fosse posse.
Naquela manhã, encontrei o convite sobre minha mesa: aniversário de trinta e cinco anos de uma empresária da cidade. O brasão da família impresso em relevo, papel grosso, acabamento luxuoso. Sabia que quase todos os Tavares estariam lá — menos meu pai, que raramente sai do gabinete e já não se presta mais a essas aparições.
Nunca gostei de festas. Não via sentido em sorrir para quem desprezo, nem em apertar mãos que me apunha