Isadora Alencar
Eu não estava bem.
Não tinha notícias de Enzo há dias. Depois do que Dante me propôs… me sentia suja, envergonhada, preocupada. Uma dívida gigantesca pairava sobre a minha cabeça como uma nuvem negra prestes a desabar. Mas eu continuei na cozinha. Não podia me dar ao luxo de fraquejar. Com uma dívida daquelas, as preocupações estavam só começando. Precisava arranjar extras pra ajudar em casa — mas como? Eu me perguntava isso enquanto limpava a bancada pela terceira vez, sem nem perceber.
A tarde foi tranquila, quase silenciosa. Cozinhar sempre me trazia uma paz estranha, quase anestesiante. A noite começou a avançar sem maiores sobressaltos. Conversava baixo com Cíntia, que picava cheiro-verde ao meu lado.
— Isa, você tá com uma cara péssima. — ela comentou, com a faca na mão contra o maço verde.
— Eu sei. — admiti. — Tô preocupada, só isso.
Ela não insistiu. Sabia que, quando eu não queria falar, não adiantava.
Mas então os gritos começaram no salão.
— Droga… — suspir