DANTE TAVARES
Mais uma noite.
Mais uma taça de vinho recusada.
Mais uma pergunta sobre o casamento que nunca veio.
— E então, Tavares? Já casou e escondeu da gente? — O riso veio fácil dos lábios dos amigos, junto de um tapinha nas costas, um convite malicioso, uma sugestão de uma noite sem regras, sem compromissos, sem... ela.
E eu recusei. De novo.
— Estou bem assim.
Mentira.
Eu estava vazio.
Recusei o melhor da noite — corpos esculpidos, cheiros que prometiam luxúria, promessas de prazer fácil.
Mas nada daquilo me interessava.
Porque, no fundo, meu corpo já havia escolhido.
Meus pensamentos, minha pele, meu inferno inteiro... giravam ao redor dela.
Isadora.
Teimosa. Irritante. Boca afiada.
Sempre com a resposta atravessada na ponta da língua.
Sempre pronta para discutir.
Sempre com aquela expressão de quem me odiava e me desejava na mesma medida.
Ela não fazia ideia do que estava fazendo comigo.
Todos os caminhos terminavam nela.
E era por isso que, naquela noite, tentei fazer dife