Isso me assusta.
ISADORA TAVARES
Acordei com o peso firme sobre o meu quadril.
Uma mão possessiva sobre a minha barriga.
O calor do corpo dele aquecia o meu, como se fosse inverno e ele, meu cobertor de carne e pecado.
Virei o rosto, devagar.
Dante dormia.
A expressão dura, como sempre. Mas havia algo... vulnerável naquele semblante adormecido.
A testa relaxada, os lábios entreabertos, o peito subindo e descendo com calma. E mesmo assim... ainda era Dante Tavares. Dominante até no sono.
Tentei, delicadamente, remover sua mão da minha barriga. Ela pesava como uma algema carinhosa.
Arrastei-me com esforço, a barriga já bem arredondada de seis meses me fazia desacelerar tudo. Mas precisava ir... trabalhar... respirar...
“Não saia para longe. Durmo melhor com vocês perto de mim.”
A voz veio rouca, baixa, quente como o lençol ainda amassado com o nosso cheiro.
Revirei os olhos, sorrindo sozinha.
— Dante, já é dia. Eu preciso trabalhar...
Caminhei para o banheiro, as pernas apertadas pela vontade de urinar