Dante Tavares
Eu estava acompanhando a reforma da casa, quando fui chamado, Pedro Alencar era um dos poucos rostos familiares que ainda restavam naquele fim de mundo. Mais velho que eu, mais calmo, mais... puro, talvez. Eu mal me lembrava dele, mas bastou uma tarde para as memórias se desengavetarem. Ele ria, conversamos sobre o passado, ele me contou da vida com aquela empolgação que só gente que não foi engolida pelo mundo tem.
Enquanto eu falava de negócios, ele falava de amor. Com um brilho nos olhos que me irritava e encantava ao mesmo tempo. Disse com orgulho que ainda era casado com a mulher da vida dele. Falou da filha mais velha, Isadora — a tal noiva perfeita, com o pé no altar, a chef de cozinha formada em faculdade, independente, a provedora da casa.
Depois da filha do meio, Isabela, estudante de enfermagem, que conseguiu entrar na faculdade graças à irmã. E do caçula, que vivia metendo o bedelho onde não devia, inclusive enquanto os homens reformavam parte da minha casa à