Dante Tavares
— Não estou te vendo no restaurante — eu disse, seco, para ela como se estivesse cronometrando cada segundo da minha presença. Os olhos mal me encaravam, mas o incômodo estava estampado em cada movimento contido.
Vi os irmãos dela entrarem brigando por uma garrafa de vinho que não li o nome, mas pela garrafa, certamente um daqueles que ardem mais que escorrem.
— Mas está me explorando… comendo da minha comida. — Ela completou, despejando a panela no centro da mesa com um gesto firme.
Assenti, encarando-a. O cheiro era simples, caseiro… e provocante. Assim como ela.
— Se isso é exploração, vá pensando num nome melhor pro que vem depois. — Falei sem pudor, a voz baixa, os olhos cravados onde deviam: nas curvas dela dentro daquele short apertado. Não escondi o interesse. Nunca escondo.
Ela não virou o rosto, mas a espinha enrijeceu.
— Não vai ter depois. — rebateu, tentando soar firme. Só que eu já conhecia aquele tom. A mulher podia ser noiva, santa ou condenada… estava j