Fugindo de mim.
ISADORA ALENCAR
Levantei-me da mesa como quem recolhe os cacos de si mesma.
Os braços cruzados sobre os seios, o rosto em chamas — de prazer ou vergonha, já não sabia mais distinguir.
O gosto dele ainda pairava nos meus lábios.
O corpo doía.
As pernas trêmulas, marcadas.
E a palma da mão dele… ainda gravada em vermelho vivo na minha pele. Uma lembrança cruel.
Como eu pude?
As lágrimas escorriam em silêncio. Sem alarde, mas com o peso de um abismo.
Abaixei-me para recolher as roupas espalhadas pelo chão, tentando cobrir as partes de mim que ainda estremeciam.
Fugi. Para o banheiro.
Fechei a porta. Tranquei.
E desabei.
Chorei.
Chorei como quem sangra por dentro. Como quem perdeu algo que jamais poderá recuperar.
Abri a torneira. A água gelada escorreu pelas mãos, mas não foi capaz de apagar o calor envergonhado do meu corpo.
Tentei me encarar no espelho, mas meu reflexo me ofendia.
Quem era aquela mulher?
A que se entregava ao toque de um homem que desprezava?
A que traía o noivo que ju