Dante Tavares

Ser cercado por rostos desconhecidos, ouvindo perguntas invasivas sobre minha vida, era o preço mais amargo de estar numa festa dessas. Cada sorriso falso, cada cumprimento ensaiado pesava como uma armadura pesada sobre meus ombros já cansados. Ao meu lado, Olga, minha cunhada, empenhava-se na missão incansável de me apresentar a “possíveis parceiras”; já meu irmão Álvaro parecia um fantasma: presente no corpo, ausente no espírito.

Pessoas surgiam e me cercavam, todas com planos e sonhos a serem costurados — e o maior deles, claro, era me ter como sócio. Havia música ao redor, instrumentos afinados por mãos habilidosas, o tilintar das bandejas com taças de cristal, o murmúrio constante de conversas vazias.

Foi então que o pai da aniversariante se aproximou, ostentando um sorriso largo e satisfeito. Com uma educação cortês, pediu que eu tirasse Carla para dançar.

Olhei para ela — a aniversariante da noite, com olhos brilhando sob a luz suave do salão — e, sem hesitar, me