Isadora Alencar
Eu andei até o banheiro, fingindo calma. Por dentro, cada passo doía como se meus ossos estivessem rachando. Empurrei a porta, me encostei na pia de mármore e encarei meu reflexo. A maquiagem ainda estava intacta, mas meus olhos me traíam: estavam vermelhos, marejados, cansados.
“Você precisa se recompor, Isa.”
Sussurrei para mim mesma, tão baixo que mal ouvi. Era estranho falar comigo como se eu fosse outra pessoa — talvez eu fosse mesmo. A Isadora que entrou naquela festa não era a mesma que saiu. Nem a mesma que se deixou tocar por Dante naquela noite que tento esquecer todos os dias.
Apertei a borda da pia até sentir dor nas mãos. Fechei os olhos, respirei fundo, mas a imagem dele voltou: Dante. A forma como ele segurou meu queixo, firme e delicado ao mesmo tempo. O calor que subiu pelo meu corpo, a vergonha que se misturou com o desejo. Eu o quis. Eu ainda quero, mesmo sem querer admitir.
Abri os olhos de novo, tentando me convencer de que era apenas uma lembrança