ISADORA ALENCAR
Duda me olhava como se já soubesse. Como se não houvesse dúvidas. O olhar dela era um espelho do meu maior medo.
— Isa… você tá pálida, enjoando todo dia, com tontura. Vai continuar ignorando? — Ela cruzou os braços, apertando os lábios, como uma mãe cansada de avisar.
— Deve ser só estresse, Duda. É muita coisa acontecendo… a inauguração do novo restaurante, os atrasos no aluguel da minha mãe, o casamento… — minha voz vacilava, e mesmo eu sabia que era desculpa.
Ela me encarou com mais firmeza.
— Faz o teste.
— Eu não tô grávida. — Menti para mim, mais do que para ela.
— Faz. Agora. — A ordem foi seca, inegociável.
Peguei o teste de farmácia como se estivesse pegando uma arma. Ele queimava na minha mão. Me tranquei no banheiro e sentei no chão frio, o coração disparado, como se quisesse fugir do meu peito.
Minhas mãos tremiam tanto que precisei respirar fundo várias vezes antes de conseguir abrir a embalagem. O som do plástico sendo rasgado ecoou como um trovão na min