DANTE TAVARES

Um não, um cheque.

Uma recusa.

Foi isso que ela me deu.

E ainda assim, segui acompanhando os seus passos… à distância.

Isadora se manteve firme, como se resistir a mim fosse um ato de coragem, de dignidade.

Chegava pontualmente ao restaurante, como uma sombra de si mesma. Sem festas, sem baladas, sem vida. Apenas trabalho.

Uma mulher tentando se manter de pé em meio aos escombros do que eu causei.

Ela me surpreendia. Todos os dias.

Mas até a dignidade tem seu preço, e a sua eu quis comprar a todo custo.

E o corpo, por mais forte que pareça, uma hora fraqueja, o dela sempre fraquejava.

Quando a notícia chegou de que ela havia desmaiado, quase sobre o fogão, eu não esperava. O seu amor pela cozinha estava nos olhos, nas mãos que transformava qualquer fruto em alimento saboroso. Shade veio até mim, preocupado. Ela não comia direito. Mal falava. E perguntava sempre quando o novo chefe chegaria. Ela tinha tonturas, sempre indo ao banheiro, com o rosto pálido. Ele prévia um