Uivo e Pele
NĂŁo havia mais tempo.
Nem lĂłgica.
Nem mundo além do toque.
Zahor se movia ao meu redor como um predador paciente, mas seu olhar queimava â nĂŁo de desejo apenas, mas de reconhecimento.
Selyra sussurrava em mim.
Ele Ă© nosso.
O vento girava ao redor da clareira. As ĂĄrvores se curvavam em reverĂȘncia. As pedras antigas vibravam sob nossos pĂ©s.
Meu corpo, ainda parcialmente transformado, reagia a cada movimento dele. Garras semi-expostas. Pele quente. Olhos dourados. A loba ainda nĂŁo recuava. Ela assistia. Ela participava.
E Zahor... se aproximava.
â EstĂĄ com medo? â ele perguntou, voz grave, quebrada entre humano e lobo.
â Estou em chamas â respondi. â Mas nĂŁo de medo.
Ele sorriu. NĂŁo com os lĂĄbios â com os olhos, com o cheiro, com a alma.
Seus dedos tocaram meus ombros e escorregaram devagar, descendo até meu quadril, onde os pelos curtos da transformação ainda se mesclavam à pele humana. Seus toques eram quentes, rudes e reverentes ao mesmo tempo, como se tocassem não apenas