Olhos na Escuridão
O silêncio havia mudado.
Não era mais apenas ausência de som, mas uma presença disfarçada nele.
Um silêncio que respirava por entre as folhas e as pedras antigas, como se olhos invisíveis observassem cada movimento nosso.
Rafael estava em alerta. O corpo meio abaixado, os músculos tensionados sob a pele, os olhos de Zahor vibrando num verde sobrenatural.
Selyra se erguia dentro de mim como se tivesse farejado o mesmo perigo.
— Não se mexa — ele disse, a voz mais baixa e firme do que nunca. — Não até eu dizer.
Assenti, mas meu corpo já não obedecia tanto à razão. Meus sentidos estavam aguçados.
O som da minha própria respiração parecia alto demais.
O coração batia num compasso que misturava instinto de caça e medo de presa.
E então os vi.
Entre as árvores, dois pares de olhos brilhavam.
Amarelos. Baixos. Rastejantes.
— O que são? — sussurrei, dando um passo inconsciente para trás.
— Não são lobos.
São lacaios.
E estão aqui por você.
Os corpos surgiram das sombras com