🌑 Capítulo 8

Ela Tem Um Nome

O céu estava cinzento quando partimos.

A mansão ficou para trás como um sussurro antigo — uma lembrança quente, mas já distante.

Rafael conduzia o carro preto com precisão. As mãos firmes no volante, os olhos atentos à estrada, mas com a mente... em mim. Eu sentia. Como se o calor do seu pensamento tocasse minha pele mesmo sem olhar.

A floresta se aproximava pela estrada como um véu de sombras.

— Estamos quase lá — ele disse, sem me encarar.

Assenti, com o coração descompassado.

A cada quilômetro, algo dentro de mim se agitava mais.

— É como se ela estivesse me chamando — murmurei, olhando pela janela.

— Ela está.

— Ela quem?

Rafael respirou fundo.

— A sua loba. Ela está inquieta desde que você começou a mudar.

Mas agora… ela quer mostrar quem é.

Fechei os olhos.

E ali, no escuro dos meus pensamentos, ouvi.

Um sussurro baixo.

Rouco. Fêmea. Selvagem.

Como uma voz enterrada nas raízes do mundo.

— Meu nome... é Selyra.

Minha respiração falhou.

— Selyra — repeti, baixinho.
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