A Marca do Inimigo
O salĂŁo do Conselho parecia ainda mais gĂ©lido do que o habitual. As tochas queimavam, mas suas chamas pareciam tĂmidas, distantes, incapazes de aquecer os corpos sentados em semicĂrculo. Os anciĂŁos me olhavam como se eu fosse uma tempestade prestes a engoli-los.
E eu era.
â Sua presença nos campos de treinamento nĂŁo foi autorizada â disse um deles, voz rouca, corpo curvado sob mantos de sĂ©culos.
â NĂŁo preciso da autorização de quem se esconde atrĂĄs de velhos papĂ©is enquanto a escuridĂŁo se ergue lĂĄ fora â respondi, sem baixar os olhos.
Rafael estava ao meu lado, mas calado. Seu papel ali era apenas o de testemunha. Era o que havĂamos decidido. E era o que tornava tudo mais perigoso.
â VocĂȘ estĂĄ se aproveitando da posição de Luna para instaurar uma nova ordem â acusou outro, um homem de olhar turvo e mĂŁos finas como galhos.
â Estou usando o que me foi dado pela Deusa. A marca em minha pele. A força em minha alma. E a verdade que vocĂȘs recusam a enxergar.
Ergui o braço