Rainha Sem Trono, Coração Sem Dono
A clareira ficou em silĂŞncio por minutos eternos depois que o terceiro lobo do ClĂŁ dos Esquecidos se ajoelhou.
O céu havia se fechado sobre nós como um véu espesso, mesmo com a luz do dia tentando furar as nuvens.
Havia algo no ar.
NĂŁo sĂł poder.
Mas uma ruptura.
Como se a balança do mundo tivesse sido inclinada… e ninguém sabia para qual lado cairia.
Os anciĂŁos assistiam paralisados.
Marco estava ao meu lado, olhos tensos, mĂŁos em punhos.
Rafael atrás, braços cruzados, mas o olhar cravado em mim como se tentasse decifrar em que momento eu havia deixado de ser apenas sua para me tornar… algo além.
— Eles se ajoelharam — murmurou Velkan, sem disfarçar o medo. — O que isso significa?
— Significa que os mortos também querem viver — respondi. — E que até as sombras reconhecem uma luz quando ela é verdadeira.
Um dos esquecidos, o mais jovem, ergueu a cabeça.
Seus olhos ainda costurados brilhavam com uma luz prateada.
— Você viu o que está por vir?
— Eu vi