O Chamado da Rainha Vermelha
Acordei com o som do meu próprio coração batendo.
Forte.
Errado.
Como se nĂŁo batesse sĂł por mim.
Me sentei na cama devagar. Os lençóis eram de linho escarlate, finos como névoa. O teto, alto, esculpido em arabescos dourados. O ar tinha cheiro de rosas… e sangue.
Mas nĂŁo era a mansĂŁo.
Nem a floresta.
Era outro lugar.
— Onde estou? — murmurei, mas minha voz parecia distante, como se saĂsse de outra boca.
Selyra nĂŁo respondeu.
Ela estava quieta.
Atenta.
Em silĂŞncio profundo.
Levantei, ainda nua, com a pele coberta de pequenas feridas secas. As marcas da luta. Os sinais da mudança.
As janelas estavam abertas, e por elas não se via o mundo — apenas um céu vermelho e uma névoa que dançava como véu.
— Ela acordou.
A voz me gelou a espinha.
Do canto da sala surgiu uma mulher.
Alta.
Pele alva como marfim.
Cabelos longos e negros, até a cintura, ondulados como sombras em movimento.
E os olhos… os olhos eram completamente vermelhos.
— Quem é você?
Ela sorriu, suave,