O Primeiro Pecado de Marco
Ainda sentia os dedos dele marcando minha pele.
A boca de Marco ainda estava em mim, mesmo com o corpo longe.
Mas agora, entre nĂłs, havia mais do que desejo.
Havia silĂȘncio.
E dentro dele, a verdade ameaçava sangrar.
Ele me olhava como se quisesse dizer algo, mas a garganta nĂŁo obedecia.
â VocĂȘ tem que falar â sussurrei.
Marco se afastou lentamente. A escuridĂŁo da floresta o envolvia como uma sombra viva. A cada passo para trĂĄs, ele parecia se esconder mais dentro de si mesmo.
â Eu nĂŁo sou o homem que vocĂȘ pensa.
â NĂŁo? EntĂŁo quem Ă© vocĂȘ?
Ele virou de costas. Por um momento achei que fosse fugir de novo.
Mas ele apenas encarou a lua.
â O Alfa da minha linhagem nĂŁo escolheâŠ
Ă escolhido.
â Pela lua?
Ele riu, um riso curto, sem alegria.
â Pela maldição.
As palavras bateram em mim como pedras. Me aproximei, com os pĂ©s descalços tocando as raĂzes molhadas, o corpo exposto ao vento da noite.
â Do que estĂĄ falando?
Ele hesitou. A dor era visĂvel