As Chamas do Silêncio
A fumaça negra ainda se espalhava como um manto pesado sobre a floresta, grudando em nossos pelos e pulmões, mesmo depois que o monstro sucumbiu. O cheiro de sangue, queimado e ferroso, misturava-se ao da terra molhada, tornando o ar quase impossível de respirar.
Korran, ainda imenso e coberto de marcas, respirava com dificuldade. Seus olhos dourados faiscavam, mas havia neles algo que me fez estremecer: dúvida. Eu nunca havia visto Marco — em sua forma plena de lobo — hesitar diante de nada. Agora, porém, ele parecia contemplar a possibilidade de que algo muito maior do que sua força pudesse vencê-lo.
Rafael, ou melhor, Zahor, permanecia ao meu lado. Seu pelo vermelho-escuro estava ensopado de sangue, mas seus olhos verdes ardiam como brasas, sem deixar escapar dor ou medo. A presença dele era tão avassaladora que, por um instante, até o silêncio da floresta parecia se curvar.
Selene dentro de mim vibrava inquieta, como se tivesse absorvido parte da escuridão qu