Sangue e Luz
O quarto estava mergulhado em um silĂȘncio quase insuportĂĄvel, exceto pelo som da respiração pesada de Korran. Seu corpo lupino ocupava quase todo o tapete, os pelos negros grudados pela mistura de suor e sangue. Cada vez que ele soltava o ar, um leve rosnado escapava, como se a sombra ainda o perseguisse dentro dos sonhos.
Ajoelhei-me ao lado dele, sentindo seu calor irradiar como uma fogueira que queimava mais pelo perigo do que pelo conforto. Minhas mãos deslizaram sobre seu pescoço, tocando a pele grossa sob o pelo. Naira dentro de mim permanecia desperta, seus olhos sobrepostos aos meus, a fera atenta, protetora.
â VocĂȘ nĂŁo vai tomar ele de mim⊠â murmurei para a sombra, nĂŁo para Marco.
Rafael permanecia alguns passos atrĂĄs, braços cruzados, olhos verdes fixos no lobo. Havia tensĂŁo em sua postura, mas tambĂ©m uma curiosa calma â como se ele esperasse que algo inevitĂĄvel acontecesse.
â Alice â sua voz soou grave â, se nĂŁo agir agora, nĂŁo haverĂĄ como trazĂȘ-lo de volta qu