Um pedaço da minha mãe
Quando voltei do refeitório, ainda ajeitando minha saia rosa e tentando controlar a avalanche de pensamentos, encontrei o doutor Vittorio se despedindo de Luccero. Os dois conversaram em voz baixa até a porta, trocaram um aperto de mão firme e, em seguida, Vittorio saiu.Eu estava atrás da minha mesa, organizando os papéis do dia, quando ele passou pelo corredor. Cumprimentou Dona Francesca com toda educação — “bom dia, senhora Francesca” — e, ao virar-se para mim, parou. Senti o peso do olhar dele, fixo, profundo, quase como se estivesse me atravessando.— Você disse que não conheceu a sua mãe, não é, Nicola? — perguntou de repente.Engoli em seco. O coração disparou, mas mantive a voz firme:— Não, não conheci. Ela faleceu no parto.— Mas… você sabe o nome dela? — insistiu, com uma urgência estranha nos olhos verdes.Assenti lentamente, sentindo um nó subir pela garganta.— Sim, sei. Ela