O silêncio da delegacia era quase sepulcral quando Luchero entrou.
As luzes frias refletiam nas paredes claras, e o cheiro metálico de café requentado pairava no ar.
O delegado o aguardava à porta da sala de interrogatório.
— Senhor Moretti — cumprimentou o delegado com um aceno discreto. — Ela está lá dentro. Disse que queria vê-lo.
Luchero assentiu, o maxilar travado, apenas sentindo a gravidade do momento que se aproximava.
Ele tinha que enfrentar a mulher que foi, ao mesmo tempo, o amor da sua vida e a causa de sua maior dor.
— Eu também quero vê-la.
O delegado abriu a porta. Chiara estava sentada à mesa, com as mãos algemadas, o olhar perdido no chão.
Os cabelos, antes sempre arrumados e luminosos, caíam em desalinho sobre o rosto, dando-lhe um ar vulnerável que contrastava com seu espírito indomável.
Ela parecia menor, frágil — mas ainda havia algo de altivo em seu olhar quando levantou a cabeça e o v