NARRAÇÃO DE PETRINA
Caminhei pelo estacionamento do hospital como se cada passo abrisse uma ferida antiga.
Minha mente ardia. As palavras de Matias martelavam dentro do crânio: “sua própria mãe.”
Respirei fundo. Precisava conter as mãos, o rosto, o ódio que se espalhava pelo meu corpo como veneno.
A mesma mulher que um dia embalei com amor no peito. A quem defendi quando todos apontavam suas falhas — mesmo ciente de cada uma delas.
Minha mãe. A mulher que atirou para matar o homem que me ensinou o que era amor de verdade.
Entrei no carro. Matias dirigia em silêncio. Aproveitei para quebrar o gelo com uma pergunta:
— Como minha filha está? — Ele me lançou um olhar pelo retrovisor, ciente de que eu não via Lara desde que entrei no quarto para ficar com Miguel.
— Está bem. Ficou com a Andrea.
— Melhor assim... — murmurei, cruzando as pernas. — Lara não suportaria ver o que estou prestes a fazer com Emma.
Matias riu, satisfeito. Acelerou com mais vigor e, sem demorar, estacionou em frente