NARRAÇÃO DE MATIAS LOPES...
As horas se tornaram sufocantes. Após explicar a situação do Miguel, precisei retornar ao hospital.
O grito da Lara ainda ecoava em minha mente. Fechei os olhos, e a culpa pesou sobre minhas costas — eu deveria ter feito mais.
Deveria ter impedido. Aquela bala jamais poderia ter atravessado a barriga do Miguel.
E então, como se tocasse o céu com as mãos, o médico retornou. Falou da força de Miguel. Disse que ele estava lutando com tudo o que tinha para viver aquilo que tanto desejou: a vida ao lado de Petrina. Mesmo com a gravidade dos ferimentos, seu corpo resistia.
Então, criei forças. Tive coragem. Liguei para Lara mais uma vez, com um fio de esperança. Meus olhos cintilaram ao falar da recuperação do pai dela.
Depois disso, tudo o que me restou foi esperar. E naquele corredor frio, recordei de Emma. Agora, sim — a tortura será mais saborosa. A maior dor não será física, tenho certeza. Será quando ela souber que falhou miseravelmente.
Estou tentado… dese