Narrado por Anita
A luz da manhã filtrou-se suavemente pelas frestas das persianas, pintando listras douradas no corpo de Henrique. Acordei com ele ainda ao meu redor, seu braço pesado e protetor sobre minha cintura, sua respiração quente contra meu cabelo. Pela primeira vez em anos ao acordar, ao lado de um homem, o medo não foi minha primeira companhia matinal. Em seu lugar, havia uma paz profunda, um contentamento que permeava cada célula do meu corpo.
Movimentei-me levemente, e ele, mesmo no sono, apertou-me contra si, um rosnado de posse saindo de sua garganta. Sorri, encostando o rosto em seu peito. Ele era solidez e calor. Era segurança.
— Bom dia, coisinha pequena — sua voz, rouca de sono, ecoou em seu peito contra meu ouvido.
Ergui o olhar e encontrei seus olhos abertos, observando-me com uma expressão que eu nunca tinha visto antes. Era uma mistura de admiração, posse e uma ternura tão nua que me fez o coração apertar.
— Bom dia — sussurrei, meus dedos traçando os contornos