GIOVANNA
Sentada à mesa da cozinha, observo Renata dar a mamadeira para o meu bebê. Marcello suga com aquela concentração típica de recém-nascido, e ela sorri, encantada com cada pequeno movimento dele. O ar tem um cheiro suave de leite morno e alfazema — a combinação perfeita de aconchego e rotina.
— Dio! Que cafajeste! Fico triste por você, amiga. Lucas merece uma lição mesmo. — Ela se esforça para conter uma risadinha debochada. — Então? Nada ainda?
— Nada. — Respondo, simples.
O sorriso dela começa a escapar. Imagino que, para ela, isso pareça uma espécie de punição sutil — mas não é. Não se trata de vingança. Não é sobre ele. É sobre mim. Estou me redescobrindo, me valorizando, me reconhecendo. Pela primeira vez em muito tempo, estou olhando para mim mesma sem me anular.
Respiro fundo. Essa conversa, para mim, não tem graça alguma.
— E ele está aceitando tudo isso numa boa? — Renata pergunta com os olhos curiosos, atentos a cada nuance da minha expressão.
— Sempre que pode, toca