A manhã nasceu dourada, com o sol filtrando entre as árvores e iluminando o campo úmido.
Parecia um daqueles dias em que o mundo resolvia se vestir de paz. Mas Isabella, mesmo entre o brilho e o canto dos pássaros, sentia o coração pesado — como se pressentisse que o sossego era apenas o silêncio antes da mudança.
Seu Anselmo, sentado na varanda, observava o movimento dela no terreiro.
— Tá inquieta, menina. — comentou, com aquele tom que misturava sabedoria e carinho.
— É o vento. — respondeu ela, sem parar de varrer — Traz um ar diferente hoje.
Ele sorriu de canto.
— O vento sempre traz alguma coisa. Às vezes, lembrança. Às vezes, destino.
No curral, Rafael afinava o violão.
Os dias desde a visita do produtor tinham sido mais calmos, e ele começava a se sentir parte da fazenda de verdade. As mãos calejadas já conheciam o peso do trabalho, e o som das vacas e o cheiro de feno tinham virado parte de uma rotina que ele, estranhamente, amava.
Mas dentro dele ainda havia um resq