Ele dá a mala para o leiloeiro e estende a mão para mim. Penso ainda se vou ou não, mas, entre todos esses caras, ele é o único que conheço. Estendo a minha mão e pego na dele, suspiro e seja o que destino quiser. Ele me ajuda a descer os degraus e, assim que fico de frente para ele, ele coloca a pulseira em mim novamente e fala no meu ouvido:
– Nunca mais a tire. Deixei avisado que só eu poderia tirá-la do seu pulso. – Por que não me tirou do calabouço? Teria economizado esse dinheiro... por falar nisso, não sabia que psicologia dava tanto dinheiro assim. – E não dá, mas depois conversaremos sobre isso. Vamos embora, pois esse lugar vai pegar fogo. – Como assim? – Ele não diz nada, apenas segura minha mão e vai me conduzindo até o lado de fora do salão. Chegamos a um carro preto, grande, luxuoso, o que me faz pensar no que esse cara é além de psicólogo. Ele me coloca dentro do carro, fecha a porta e entra pelo outro lado com o celular na mão. – Está tudo pronto. Faça quando quiser, mas não pode deixar ninguém sair... não, nenhum...pode se livrar de todos. – Ele desliga o celular e olha para mim. – Por que tirou a pulseira do braço? – Eu não tirei nada. A dama de ferro a puxou do meu braço quando me colocou no calabouço. – Não quero que minta para mim. Ela me disse o que você fez: esfaqueou uma das meninas, e quando a diretora disse que ia me ligar, você me mandou ir para o inferno e tirou a pulseira, não foi? – Não... – Ele ergue uma sobrancelha, como se duvidasse de mim. Olho para o lado da janela, pois sei que minha reputação foi por água abaixo por causa da diretora. – Me conta então o que aconteceu? – Nego com a cabeça. – É uma ordem, Vitória. – Dou de ombros e continuo olhando pela janela. Ele pega meu braço e me puxa com tudo, me colocando de bruços sobre seu colo. Tento me levantar, mas ele usa um dos cotovelos para segurar meu corpo no lugar. Começo a me debater e a pedir para ele me soltar, mas ele não o faz. Levanta a barra do meu vestido, abaixa minha calcinha e acaricia minha bunda. Do nada, o primeiro tapa vem, ardido, dolorido, queimando minha pele. Grito de dor, e ele acaricia novamente e segue outro tapa. – Pare, seu maluco… – Ele repete da mesma forma mais umas três vezes. Depois, levanta minha calcinha, abaixa meu vestido e me coloca de volta sentada no banco. Olho para frente, ofegante, com raiva dele e com vergonha do motorista. – Suas desobediências serão pagas com castigos até você aprender a ser disciplinada. Você já não existe mais para a sociedade, Vitória Mancini morreu dentro daquele reformatório. A diretora nem imagina que você esteja comigo. Então, para que você continue viva, vai ter que me obedecer. Estou com tanto ódio dele que não consigo nem olhar em sua cara. Mas, mesmo com a bunda doendo, não vou dar o gostinho para ele de me ver sofrendo. O carro para em uma casa luxuosa, de tonalidade cinza com detalhes em preto. Acho que esse homem tem dupla personalidade, e ser doutor de delinquentes é só uma fachada para pegar suas vítimas. Ele desce, e eu abro a porta do carro e desço também. Ele pega minha mão e me conduz para dentro da casa. Por dentro, as cores têm a mesma tonalidade do lado de fora, porém, as paredes cinzas e o chão preto brilhoso dão a impressão de um espelho. – Você tem a liberdade de entrar em todos os cômodos da casa nessa parte de baixo, mas no andar de cima, está proibida de entrar no quarto da porta vermelha. Os outros quartos são livres, escolha o que quiser, mas a porta preta é do meu quarto. – O que tem no quarto da porta vermelha? – Ele não me responde e continua mostrando cada cômodo para mim. – Não tenho empregada fixa, elas vêm, arrumam, limpam, cozinham e vão embora. Vou deixar você escolher um nome para que se apresente a elas, caso queira conversar, mas não diga nada do seu passado em hipótese alguma. – Apenas concordo com a cabeça e olho ao redor. – Por falar em seu passado, eu ainda quero saber o motivo de você ter matado seu pai. — É uma ordem? — pergunto com ironia e ele serra os olhos para mim. — Por enquanto não, mas se me provocar muito pode acabar virando. — Não quero falar do meu passado. — Ele assente com a cabeça e me leva até o escritório. Ele manda eu me sentar na cadeira e se senta em outra. Abre a gaveta, e pega uma pasta e coloca na minha frente. — Quero que você assine esse contrato. Leia com atenção, pois é muito importante para começarmos o nosso relacionamento. — Relacionamento? — Ele assente e eu abro o contrato. — Contrato de Dominação E Submissão? Se eu não aceitar isso, o que vai fazer? — Te entregar para polícia, dessa vez, não ficará no reformatório, já que tem 21 anos. Você ficará numa penitenciária máxima, já que esfaqueou uma colega de menor, forjou a própria morte para fugir do reformatório... — Essa culpa eu não devo, não fiz nada disso. Aquela menina se esfaqueou para me incriminar, apanhei igual uma condenada da dama de ferro e ainda fiquei de castigo no calabouço. E quando eu pensei que estava livre, ela me vendeu para um homem que me vendeu em um leilão. Não sei se o senhor sabe, médico de delinquentes, mas aqui na Itália, leilão de pessoas é crime! — Solto a bomba de uma vez só, falando rápido pelo nervosismo. — Então foi isso que aconteceu. Interessante. Mas ainda sim, sabe que as palavras dela pesam mais que a sua, não é? Fora que tem 5 meninas que te condenam, se aparecer viva agora, será condenada a pena máxima, pois não tem um bom histórico. Leia o contrato, e vou permitir que você tire três itens, nada mais que isso, ou vai perder a graça da relação de mestre e escrava. Escrava, vou virar escrava desse cara? Isso só pode ser brincadeira!