Paris. Cobertura do Le Ciel Noir. 21h09.

O silêncio na cobertura não era vazio.

Era tenso.

Denso.

Daqueles que não machucam… mas apertam.

Dante estava de pé.

De costas pra ela.

Diante da janela panorâmica.

Mãos cruzadas nas costas.

Camisa social preta ajustada no corpo largo.

Postura de quem já dominou guerra, mercado financeiro… e agora tava tentando decifrar uma ruiva de 1,70 com gosto por provocação e controle.

Valentina tava sentada.

Perna cruzada.

Cabelo solto.

Vestido preto, blazer jogado no encosto da cadeira.

Taça de vinho na mão.

Mas quase não bebe.

Ela não tava ali pra se embriagar.

Tava pra observar.

— Você sabia que tá me irritando? — ela solta, olhando pra taça, mas mirando ele.

Ele não responde.

Só inclina minimamente a cabeça.

Silêncio.

— Avisa quando decidir falar, tá? — cruza as pernas, balança a taça, sorriso debochado. — Eu cobro por hora.

Ele se vira.

Lento.

Calculado.

Olhar direto.

Postura impecável.

— E você acha que eu tô te pagando por isso? — voz baixa. Grave.