O ar da floresta estava pesado naquela noite. Nem mesmo os grilos ousavam cantar. O vento sussurrava entre os galhos como se carregasse segredos antigos, velhos demais para serem lembrados, perigosos demais para serem ignorados.
Na clareira ao norte de Silvermoor, os passos de Lia eram silenciosos. Seus sentidos estavam aguçados. Algo — ou alguém — os observava há dias, sempre à distância, sempre nas sombras.
Ela sentia. A presença não era humana. Nem inteiramente Lycan. Era outra coisa. Algo mais antigo, talvez mais sombrio.
Ao seu lado, Miriam caminhava em silêncio. A anciã tinha os olhos fechados, os dedos deslizando sobre um colar de ossos antigos. Murmurava uma oração esquecida, pedindo proteção aos deuses das primeiras luas.
— Está cada vez mais perto — sussurrou Miriam.
— E cada vez mais ousado — respondeu Lia. — Atacou nossa vila. Marcou nossas casas com símbolos antigos. Agora vigia nossas fronteiras como se esperasse algo.
Miriam assentiu.
— Talvez esteja esperando que abram