Desejo em Silêncio
A sala de Heitor Castellan era ampla, minimalista, com janelas de vidro que exibiam a cidade como um quadro vivo. Era tarde, o expediente estava quase encerrado, mas ele ainda estava lá. Sentado em sua poltrona de couro preto, encarava a tela do notebook sem realmente ver os números que piscavam à sua frente.
Sua mente, inquieta, o traía.
Estava, mais uma vez, com ela.
Lívia Montecchia.
Desde a reunião daquela manhã, algo havia mudado em seu eixo interno. Ele já havia se deparado com mulheres poderosas, inteligentes, bem preparadas… mas Lívia tinha algo além. Um magnetismo silencioso. Uma firmeza que não precisava de esforço para ser notada. Um olhar que sabia mirar direto na alma — e, ainda assim, manter o mistério.
Sentia o corpo dela como uma lembrança recente. Mesmo sem tê-la tocado, sua pele parecia ter ficado marcada nele.
Estava no meio desse turbilhão de pensamentos quando pegou o celular e digitou a mensagem curta.
“Parabéns pela condução impecável da reunião. Não é todo dia que me sinto desafiado. H. Castellan.”
Enviou sem pensar demais. Era uma brecha. Um teste. Um toque no tabuleiro de xadrez.
Minutos depois, a resposta veio:
“Desafios são meu combustível, senhor Castellan.”
Ele leu, releu e mordeu o lábio inferior, involuntariamente. A mulher era rápida. Sagaz. E estava jogando.
Fechou o notebook, passou a mão pelos cabelos e decidiu que era hora de ir pra casa.
Horas depois, Heitor estava sozinho, em sua cobertura com vista para o Parque Ibirapuera. As luzes estavam baixas. O whisky no copo girava preguiçoso, refletindo o dourado das luminárias. Tirou o paletó, afrouxou a gravata, abriu dois botões da camisa. Queria silêncio. E mais do que isso: queria sentir.
Sentou-se no sofá de couro escuro e, pela primeira vez em muito tempo, permitiu-se mergulhar em sua própria fantasia.
Fechou os olhos.
Lívia surgia em sua mente com perfeição quase cinematográfica. Os cabelos castanhos soltos, a boca marcada por um batom discreto, mas convidativo. Ela entrava em seu escritório sem ser chamada. A porta se fechava com um estalo suave. E o som dos saltos no piso frio era quase tão erótico quanto a forma como ela o encarava.
— Você me provocou com aquela mensagem, Heitor. —
— E você me desafiou com aquele olhar, Lívia. Estamos quites?
Ela sorria, aproximando-se. Tirava lentamente o blazer, revelando uma blusa justa de seda. Heitor se levantava, mas ela o impedia com uma mão firme sobre o peito. O comando era dela.
Ela se ajoelhava à sua frente, os dedos desfazendo o cinto com lentidão proposital. O zíper descia com um som que o fazia suspirar fundo. Ele estava duro, latejando, o membro pulsando sob o tecido. E quando ela o libertava com um toque preciso, ele soltava um gemido rouco.
— Eu quero te provar, Castellan. Sem pressa. Sem regras. Só com vontade.
Lívia o tomava na boca, com maestria. A língua envolvia, saboreava, provocava. Ele segurava nos cabelos dela, guiando o ritmo, mas logo perdia o controle. Os olhos dela fixos nos seus o levavam à beira do colapso. A boca dela era quente, molhada, indecente. E, ao mesmo tempo, reverente — como se o adorasse em silêncio.
Heitor arfava. O corpo inteiro vibrava. Ela era fogo. Era perigo. Era tentação em carne viva.
Ele a puxava para cima, a virava com firmeza e a deitava sobre sua mesa. A saia subia pelas coxas dela, revelando a lingerie de renda preta. Ele a rasgava, sem paciência. O desejo era selvagem, sem freios. Ela o chamava pelo nome, com voz entrecortada.
— Me fode, Heitor. Me mostra que você manda aqui.
Ele a penetrava com força. De uma só vez. Ela gritava. As mãos dele seguravam seus quadris com intensidade. Os movimentos eram rápidos, profundos. A mesa rangia sob o peso do prazer. E cada estocada era uma afirmação de poder, de posse, de um desejo que não respeitava limites.
— Você é minha, Montecchia. E eu não vou te deixar esquecer isso.
Lívia gozava primeiro, descontrolada. O corpo dela tremia sob o dele. E quando ele chegava ao seu clímax, era com um grito surdo, a testa colada nas costas dela, o peito ofegante, o coração descompassado.
Heitor abriu os olhos. Estava excitado. Molhado. O lençol bagunçado sob seu corpo nu. Tinha se deixado levar — e não se arrependia.
Passou a mão pelos cabelos, ainda sentindo o eco do nome dela em sua garganta.
Lívia Montecchia.
Era como uma droga nova. Perigosa. Viciante.
E ele estava disposto a experimentar cada dose, até a última gota.