Vidas entrelaçadas
Narrado por Lívia
Parece que foi ontem.
Eu ainda lembro da primeira vez que vi Heitor. Era um daqueles dias comuns em que a gente só quer cumprir a agenda e ir embora. Mas então ele apareceu, com aquela aura de poder, olhos duros, boca tensa... e mesmo sem perceber, eu travei.
Não pelo homem em si. Mas pelo que ele despertou. Um alerta. Um chamado. Uma vontade absurda de quebrar as próprias regras.
E agora, estou aqui. Anos depois, observando nossos filhos correndo pelo jardim da nossa casa em Alphaville. Cecília rindo ao lado de Felipe, barrigudinha de novo, segurando Luiza pela mão. Os avós emocionados organizando uma festa de boas-vindas para os gêmeos, como se o retorno ao Brasil fosse um renascimento. E, de certa forma, foi.
O tempo passou num piscar de olhos. Mas cada segundo valeu. Até os mais doloridos.
Heitor veio por trás de mim, passando os braços ao redor da minha cintura enquanto eu encarava o jardim pela janela.
— No que você tanto pen