82. Ciúme contido
O coquetel havia terminado há dois dias, mas seus ecos ainda reverberavam pelos corredores da Constellation. Comentários velados, sorrisos enviesados, e uma mudança quase imperceptível no modo como algumas pessoas olhavam para Isabela Duarte. Ela percebia, mas tentava não se deixar afetar. Afinal, não havia feito nada de errado — uma dança, uma conversa, um gesto de proximidade. Natural, respeitoso.
Na manhã de terça-feira, ao chegar ao escritório, encontrou um novo buquê de flores na recepção — não para ela, mas para Carla, da área de marketing. Um arranjo exuberante, como os que se usam em datas comemorativas. A placa dizia: “A melhor apresentação de mercado do trimestre. Parabéns! – Direção.”
Isabela sorriu, educadamente. Sabia reconhecer méritos — e sabia também que Carla não dava ponto sem nó.
— Reconhecimento é sempre bem-vindo, né? — disse Carla, surgindo ao seu lado com um sorriso que não alcançava os olhos.
— Claro. Parabéns. — respondeu Isabela, sincera, mesmo que com um