35. O presente de gratidão.
A sexta-feira começou com o céu cinzento sobre o Rio de Janeiro, como se o verão tivesse dado uma trégua momentânea ao calor sufocante. Isabela chegou cedo à Constellation Global. O ônibus, milagrosamente, não atrasou, e o caminho até o 15º andar parecia mais leve do que o habitual. Talvez fosse o cansaço acumulado, talvez fosse a estranha calma que tomava conta de seu peito desde a noite anterior. Ainda ecoava em sua mente o juramento que fizera diante do espelho: não desistir.
Ela passou pela recepção com um leve aceno ao segurança da manhã, subiu pelo elevador observando seu reflexo discreto na porta metálica, e rumou direto à copa executiva, como de costume.
Mas, ao chegar, deparou-se com algo inesperado.
Sobre a mesa central da copa, onde normalmente deixavam canecas secando ou frutas para os executivos, havia um embrulho elegante. Papel kraft, laço de fita azul escuro. Sobre o pacote, um cartão de papel grosso com seu nome, escrito em letra cursiva:
Isabela Duarte.
Seu cora