36. Formação noturna
A noite avançava pela cidade como um manto de cansaço e promessa. No pequeno apartamento que dividia com a mãe e o irmão mais novo, Isabela organizava seus materiais de estudo com a meticulosidade de quem prepara um ritual. A mesa de fórmica era antiga e trincada, mas ganhava nova vida à luz da luminária acesa, onde os livros de gestão, um fichário azul e um caderno de anotações disputavam espaço com uma xícara de chá morno.
Era o segundo curso noturno que ela fazia — agora, “Fundamentos de Gestão de Projetos”, oferecido por uma plataforma parceira da ONG que Mariana ajudava a coordenar. As aulas aconteciam ao vivo duas vezes por semana, e os exercícios exigiam leitura e entrega semanal. Exigiam também disciplina, concentração e, acima de tudo, esperança.
Isabela estava determinada a não apenas concluir o curso, mas a absorver cada conceito. Estudava em silêncio, depois do trabalho, quando a casa se aquietava e as vozes do mundo corporativo viravam apenas lembranças distantes ecoand