31. Desconfiança de Ana
Os corredores da Constellation Global, normalmente limpos e silenciosos ao final da tarde, pareciam mais pesados naquele dia. Isabela caminhava com passos firmes, o carrinho de limpeza cuidadosamente abastecido, os cabelos presos num coque prático, o crachá pendurado no peito. Carregava, além dos panos e produtos, um peso que não era visível: os olhos de Ana, sua colega de turno, a seguiam com crescente hostilidade.
Tudo começou alguns dias após a divulgação da nova lista de atribuições. Isabela, agora oficialmente ligada ao apoio administrativo de projetos estratégicos, passava mais tempo nos andares superiores, especialmente no 15º, onde circulavam gestores e líderes. Aquilo, aos olhos de alguns, era uma promoção informal. Para outros, como Ana, era uma ameaça.
Naquela manhã, Isabela terminava a reposição de insumos na copa quando ouviu cochichos no vestiário. A porta estava entreaberta.
— Eu é que não vou me fazer de besta — dizia Ana, com voz carregada. — Essa aí pensa que é qu