30. A lista de tarefas.
O som do elevador se abrindo no 15º andar era familiar a Isabela agora. Ao longo das últimas semanas, ela passara a conhecer cada ruído do prédio da Constellation Global como se fizessem parte de uma orquestra que tocava todos os dias para marcar sua nova rotina. Mas naquela manhã, havia algo diferente no ar.
Ela subira com o coração mais leve. O café com Rafael, dias antes, ainda ecoava em sua mente como um encontro improvável que misturava o profissional com o humano. Ele escutara suas ideias sobre valorização interna, ouvira com atenção quando ela falara da irmã e da ONG, até mesmo sorrira — genuinamente — ao ouvir sobre o sonho que ela engavetara anos antes: terminar a faculdade de Administração. Mas o que mais a marcara não foram as palavras trocadas, e sim o modo como ele a olhou no fim da conversa: não como uma funcionária invisível, mas como alguém com potencial.
Isabela dirigia-se ao pequeno armário de manutenção próximo à copa quando encontrou um envelope bege com seu nome