25. O comentário no refeitório.
O refeitório da Constellation Global era um espaço amplo, com janelas envidraçadas que davam vista para um pátio arborizado. Àquela hora do dia — perto das 14h — a movimentação era menor. A maioria dos funcionários já havia almoçado, e os que ainda permaneciam no ambiente falavam em tons mais baixos, com a preguiça pós-refeição pairando no ar.
Isabela sentou-se num canto discreto com sua bandeja: arroz integral, legumes salteados e frango grelhado. Havia aprendido a fazer escolhas leves para não perder o ritmo no restante do expediente. Apesar do barulho dos talheres e da televisão ligada num noticiário sem som, o ambiente permitia uma pausa. Uma trégua do mundo corporativo.
Ou, pelo menos, deveria.
Enquanto misturava a salada com calma, o som de vozes abafadas chamou sua atenção. Três funcionários da área de TI, todos de crachá azul, conversavam duas mesas à frente. Um deles, Lucas — um rapaz conhecido por ser eloquente demais e sutil de menos — curvava-se em direção aos colegas,