136. Ritual de coragem
O sol da manhã filtrava-se por entre as folhas das mangueiras antigas do jardim da ONG. O lugar, que tantas vezes servira de cenário para reuniões improvisadas e tardes de mutirão, hoje estava transformado.
Havia flores espalhadas em argolas trançadas com barbante, bandeirinhas feitas à mão, fitas coloridas amarradas nos galhos. No centro, um círculo de almofadas e velas pequenas formava um santuário singelo — íntimo e pulsante. As voluntárias, lideradas por Mariana, tinham organizado tudo em segredo, e Isabela só descobrira na última hora.
— O que é isso, gente? — ela perguntou, surpresa, ao ver o cenário ao chegar.
— Um ritual de coragem — respondeu Mariana, com um sorriso orgulhoso. — Pra você.
Isabela levou a mão à boca, emocionada. Não esperava aquilo. E talvez por isso fosse ainda mais necessário.
— Achei que fosse só um café de despedida… — murmurou.
— É mais que isso — disse Marina, a estagiária. — Você não tá só indo viajar. Tá levando um pedaço da gente com você. Isso