13. Bilhetes no quadro.
As manhãs na Constellation Global tinham uma espécie de ritmo cerimonial. Tudo começava com o zumbido constante dos elevadores, seguido pelo tilintar das xícaras de café, o clique dos saltos no porcelanato, e a onda de e-mails que invadia os computadores com exatidão matemática. Para Isabela Duarte, cada novo dia era uma coreografia silenciosa entre os corredores, com panos e produtos de limpeza coreografando sua presença discreta.
Naquela quinta-feira, porém, algo desviou esse compasso.
Enquanto recolhia papéis soltos nas áreas comuns do 10º andar, Isabela parou diante do quadro de avisos da equipe de apoio. Lá, entre as anotações rotineiras — como trocas de turnos, lembretes sobre EPIs e frases motivacionais plastificadas pela chefia — havia algo novo. Um bilhete simples, escrito à mão:
“Você merece mais.”
Sem assinatura. Sem qualquer outro indicativo.
Isabela franziu a testa.
Olhou ao redor — nenhum colega à vista. O bilhete destoava da papelada plastificada e das letras impr